terça-feira, março 28, 2017

Halyna Mazepa de Koval: a arte ucraniana com sabor venezuelano

107 anos atrás nasceu a artista gráfica e desenhadora ucraniana Halyna Mazepa de Koval, a filha do Isaak Mazepa, o primeiro-ministro da República Popular da Ucrânia que a maior parte da sua vida passou na Venezuela, que se tornou a “segunda pátria” dessa talentosa ucraniana, pertencente a uma geração inteira dos ucranianos e ucranianas geniais que deixaram o seu país e até a Europa, se salvando do comunismo soviético.
"As bruxas", 1977
Halyna era a filha caçula do jovem casal Mazepa, jovens social-democratas e estudantes, pai engenheiro agrónomo e a mãe médica bacterióloga. Nascida em 1910 em São Petersburgo, aos cinco anos se mudou para atul cidade de Dnipro, em 1920 a família emigra para Lviv e em 1923 se afixa em Praga.
"As lavadeiras", 1975
Mostrando, desde a pequena, o talento para o desenho, Halyna aprende a sua arte com os diversos artistas ucranianos que escolheram a Checoslováquia como um porto seguro, após a derrota da 1ª república ucraniana. Assim, após terminar o ginásio, Halyna Mazepa frequenta os Estúdios ucranianos de arte plástica, depois estuda arte em Escola de arte industrial e na Academia da Arte em Praga.
"Mavka", 1977
Sonhando com a viagem ao Paris, a jovem desenhadora ilustrava os livros infantis, colaborava com as revistas humorísticas e femininas (Pražаnka, List pani a dívek, Frauenfreude, Mädchenglück). No mesmo período conhece a arte popular ucraniana, recebendo os convites para criação de capas paras as revistas ucranianas, desenha os figurinos para os teatros.
A capa da revista ucraniana "Nova Hata" (Casa Nova), 1934
Em 1933 se concretiza o seu sonho, a jovem Halyna Mazepa visita a Paris, onde conhece o seu futuro marido, Volodymyr Koval.
O retrato do Volodymyr Koval, 1933
O seu trabalho torna-se rapidamente reconhecível graças ao seu próprio estilo moderno – “este modernismo se manifestava em um desenho simples, inexistente até ai entre nos e na mesma composição simples, ao mesmo tempo as obras eram marcadas pela ousadia e imaginação forte, eram ligeiramente estilizados, enquanto as cores ousadas, em contraste, muito bem harmoniosas reforçavam ainda mais essa impressão...” Halyna Mazepa fazia as exposições com sucesso em Lviv, Praga, Roma.
Cesto de fruta, 1937
Em 1939 ela casa em Praga com Volodymyr Koval, tragicamente os dois seus filhos, Volodymyr e Yuriy, juntamente com a avó, a mãe da Halyna – Natália Synhalevych-Mazepa, morreram em fevereiro de 1945 no decorrer do bombardeamento aliado da Praga. A tragédia obrigou a família se mudar de Praga para Alemanha, deixando por trás as suas obras e até os documentos pessoais. O destino posterior destas obras é desconhecido.
Menina com Scilla (1947) e Avô e avó (1947), Alemanha
No fim de 1947 a família Koval-Mazepa emigra para Venezuela, se estabelece em Caracas, onde Volodymyr Koval trabalha como engenheiro elétrico na construção civil e depois como professor na Universidade de Caracas. Já em 1948 Halyna começa a trabalhar na empresa cinematográfica Bolivar Films e na produtora ARS Publicidad que se dedicava aos desenhos animados. Em 1948 Halyna Mazepa de Koval (como é conhecida na Venezuela) realizou a sua primeira exposição individual na Venezuela, no mesmo ano participa no IX Salão Oficial, em que concorre na seção de artes plásticas com óleos e guaches e artes aplicadas como ceramista. Desde 1956 e durante 25 anos ela ilustra a revista popular de escolas primárias «Tricolor», publicada pelo Ministério de Educação da Venezuela. Com o ícone cerâmica “Proteção da Virgem” (protetora dos navios em uma grande tempestade), obteve em 1956 o Prémio Nacional de Artes Aplicadas, atribuído pelo Ministério da Educação da Venezuela. Halyna também se torna a colaboradora assídua das revistas “El Farol”, “Creole” “Revista Shell” e “Tópicos Shell”. Ilustrou os livros publicados pelo Ministério de Educação da Venezuela e do Instituto Nacional de Cultura e Belos Artes (INCIBA).
Autoretrato, 1950
A artista mantinha o contacto permanente com os artistas ucranianos dos EUA e do Canadá, expondo em exposições coletivas e individuais no Instituto da Ucrânia. Faz ilustrações para as revistas e os livros infantis e de poesia da diáspora ucraniana e em 1982 é lhe dedicada uma monografia do Ministério da Educação da Baviera da Alemanha Federal. Em 1991 a editora japonesa, “Kagyusha” publicou em japonês um livro com os temas indígenas infantis venezuelanos pintados pela artista ucraniana.
As capas dos livros ucranianos publicados na Diáspora
Além disso, Halyna se realizava em cerâmica artística, que estudou ainda em Praga – produzia em casa os pratos, placas, figuras humanas (caracteres do Vertep), mais tarde, as suas obras foram reproduzidos em duas fábricas de cerâmica. Com o dinheiro do prémio nacional pelo ícone “Proteção da Virgem” ela comprou um piano aos seus filhos, na Venezuela Halyna Mazepa novamente se sente a felicidade da maternidade: em 1945 na Alemanha nasceu Bohdan e já na Venezuela, em 1950 – Ivan).
(Cossacos) de Zaporizhia (1957) e Árvore da Vida (1959)
O casal Mazepa-Koval viajava muito, visitando os EUA, Canadá, França, Espanha, Itália, Áustria, Alemanha, Holanda e Bélgica, onde mantinham os contactos com os artistas plásticos ucranianos.
"Madonna" (1951)
Em 1986 no V Concurso internacional dos desenhadores ilustradores Noma (The Noma Concours for Picture Book Illustrations), organizado, de forma bianual sob patrocínio da UNESCO, o trabalho da Halyna Mazepa de Koval «Churun Meru» recebeu o prémio especial do júri.
"Churun Meru", 1986
Halyna Mazepa sempre se sentiu ucraniana até a sua última respiração trabalhou para a sua cultura nativa. Ela gostava de desenhar com a tinta de china, guache, óleo, tempera, mas quase não reconhecia as aguarelas. O tema principal de suas obras foram tradições familiares, histórias que encontrava em canções folclóricas, lendas, contos de fadas, a vida popular, motivos bíblicos. Sempre mantive o seu estilo único e não tinha medo de experimentar, tinha a habilidade infinita de misturar a fantasia com a realidade, nos seus trabalhos se sente o famoso sabor do café venezuelano que cativa os conhecedores com o sabor incomparável, variedade de sabores e notas delicadas leves...
"Madredeus", 1977
A artista permaneceu ativa até os últimos anos de vida. O seu coração parou de bater em Caracas em 1995, quando Halyna Mazepa-Koval caminhava ao seu 86º aniversário.
"A sonhadora", 1961
Texto e ilustrações @fonte1; fonte2

1 comentário:

Unknown disse...

CONHECIA O TRABALHO DELA . ERA PUBLICADO NOS ANOS 60 E 70 NAS PUBLICACOES DA DISPORA. ESTE TEXTO TEM EM UCRAINAIANO - GOSTRIA ENVIAR PARA ALGUMAS PESSOAS NA UCRAINIA? PARABENS PELO ARTIGO!