terça-feira, novembro 01, 2016

The Chekist: a máquina implacável dos crimes comunistas

The Chekist (O Chequista) é um drama franco-russo de 1992, assinado pelo realizador russo Aleksandr Rogozhkin e guionista francês Jacques Baynac. O filme foi exibido na secção “Un Certain Regard” do Festival de Cannes, caindo em esquecimento desde então. Uma película à não perder.
A capa da edição russa
O filme conta a história das execuções em massa conduzidas pela Cheka no decorrer da guerra civil russa (1917–1923) através dos olhos do Andrey Srubov, o chefe do Cheka numa pequena urbe russa. O russo Srubov na companhia do letão Jan Pepel e judeu Isaac Katz formam “internacional socialista” que durante dias decide o destino de centenas de pessoas. Para, testemunhar como logo a noite, as mesmas sejam abatidas nas caves de Cheka, que se transforma numa espécie de matadouro dos seres humanos.
Uma das cenas do filme
A culpa dos executados é diversa: uns serviram nos exércitos monárquicos ou lhes ajudavam; outros falaram mal dos bolcheviques no mercado ou num outro lugar público; ainda há os cuja maior culpa é a sua origem social não proletária. A sentença é sempre igual, rapidíssima e incondicional: o fuzilamento. A “legalidade revolucionária” consiste apenas em necessidade de decidir cada caso de forma individual.
Uma mãe tenta oferecer a filha ao camarada Srubov para salvar o filho de 18 anos
Após a condenação, os presos são retirados das celas e levados para o chuveiro no porão, onde são ordenados a se despir, colocados, em grupos de cinco pessoas contra a parede, e fuzilados com um tiro de revolver na cabeça. Em seguida, os corpos são arrastados ao exterior, onde são carregados no camião que diariamente leva as vítimas nuas às valas comuns.
Os amigos se despedem momentos antes de serem fuzilados
O tema central do filme é a tragédia interior do intelectual Srubov que se manifesta na sua tentativa de justificar a violência extrema com as necessidades da revolução. Ao contrário dos seus colegas de pouca ou quase nenhuma formação académica, para quem a revolução é a oportunidade de vingança histórica contra classe “opressora”, Srubov tenta construir uma filosofia que ajudaria justificar o derramamento de sangue em nome do bem-estar público. Impossibilidade, a priori, da resolução desta matéria o leva ao tormento insuportável de consciência e, consequentemente, à loucura final. Afinal, viver, permanentemente cercado pelos mortos, é muito pior do que a morte, na companhia dos vivos.


O filme é baseado na novela “Shepka” (Lasca) do Vladimir Zazubrin, também ele fuzilado no decorrer da onda do Grande Terror estalinista em 1937. Escrito em 1923, a novela foi publicada apenas em 1989, na mesma revista siberiana, onde Zazubrin trabalhou como editor entre 1923 à 1928.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estava lendo um livro sobre a Guerra do Paraguai e vi muitas semelhanças entre Solano Lopez e Stalin.