quarta-feira, setembro 21, 2016

Parlamento Europeu: medo de visitar a região, onde Ucrânia “deve” organizar as eleições

Desde maio de 2016, o Parlamento Europeu e Parlamento da Ucrânia estavam organizar a visita dos deputados europeus aos territórios do Donbas. Dois dias antes de visita, o PE decidiu, unilateralmente limitar o seu programa oficial apenas visitando a cidade de Kyiv – “devido à situação de segurança”. Dos 20 deputados, apenas 3 (!) tiveram a coragem de sair da capital ucraniana para visitar a região de Donbas.
A decisão de não sair de Kyiv foi tomada por presidente do Parlamento Europeu, social-democrata alemão Martin Schulz, em concordância com todos os líderes dos grupos parlamentares e políticos do PE. Mais, o Parlamento Europeu proibiu expressamente (!) aos seus funcionários e tradutores de deixar a cidade de Kyiv. No caso dos deputados, o PE foi “magnânimo”: apenas recomendou limitar a visita à Ucrânia pela segura cidade de Kyiv, o resto do território da Ucrânia só para quem quer e de forma não oficial!
Alguns dos deputados corajosos em Mariinka (sob controlo da Ucrânia)
Apenas Rebecca Harms (Verdes – Alemanha), Michał Boni (democrata liberal/PPE da Polónia) e Jaromír Štětina (PPE – República Checa) tiveram a coragem de visitar Donbas.
A vice-chefe do Parlamento ucraniano, Iryna Gerashchenko, colocou aos seus colegas europeus uma série de perguntas incómodas:
Nós temos grandes perguntas aos nossos colegas europeus: como é que vocês insistem na realização das eleições nas áreas onde aos vossos funcionários é inseguro permanecer mesmo por uma hora? E como lá deverão ficar os observadores [eleitorais], já não falo sobre a segurança das assembleias de voto ... e em geral, a federação russa, tinha garantido o regime de silêncio [militar]... Lá vivem milhares de ucranianos – quem irá cuidar da sua segurança? Ou as eleições só são necessários “para inglês ver” e não de verdade?...”
Obviamente e claramente, estamos perante “pesos e medidas” bem diferentes e Ucrânia irá falar sobre isso em cada reunião internacional!
O tipo de ferimentos mostra que os terroristas usam o armamento pesado
Os três deputados foram levados ao hospital militar “Mechnikov” na cidade de Dnipro, Mechnikov. Em mais de dois anos da guerra aqui foram salvos mais de 2.000 militares ucranianos. Hoje, a reanimação do hospital está abarrotar dos gravemente feridos – vindos da zona industrial Avdiivka e de outros locais de frente de combates. Os europeus ficaram chocados visto a natureza dos ferimentos: membros rasgados, pernas que são novamente cozidas, corpos costurados de meninos muito novos, quase crianças. “Nós defendemos a Pátria” – sussurrou um menino, à quem removeu o rim e metade de estômago. No hospital aos deputados europeus foi também mostrada uma coleção de balas, estilhaços de minas e de mísseis “Grad” que foram removidos dos corpos dos ucranianos feridos que diariamente defendem os valores europeus de liberdade, independência e dignidade.
Algumas das balas e estilhaços retirados dos corpos dos militares ucranianos
Pois, como nota, com toda a justiça Iryna Gerashchenko: “os deputados europeus estão convencidos de que aqueles que defendem o levantamento das sanções contra a Rússia, devem visitar Mariinka – para ver os efeitos do “amor fraterno” russo. Para não falar de forma pretensiosa sobre os deveres dos acordos de Minsk, vistos à partir das seguras capitais europeias”.
Posto de controlo "Mariinka": a passagem entre Ucrânia e os territórios ocupados
Rua Prokofiev, casa № 208 (ex-Lenine) em Mariinka 
A cave onde a família da casa № 208 se esconde quando os terroristas russos alvejam a Mariinka
Na final da sua visita ao Donbas, na cidade de Kramatorsk (bem longe da linha de separação e dos combates) os deputados europeus encontraram a missão da OSCE, perguntando quantos quilómetros diários estes fazem durante a sua missão de monitoramento. “Bem, cerca de 150-200” – responderam eles. Nesta segunda-feira (20/09/2016) o grupo da Rebecca Harms, Michał Boni e Jaromír Štětina fizeram cerca de 800!

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