sexta-feira, maio 13, 2016

A ucraniana Jamala está na final da Eurovisão 2016

Desde a criação do nosso blogue em 2004, sempre acompanhávamos com muita atenção o festival de canção Eurovisão, apoiando Ucrânia e os países amigos. Desde início da guerra russo-ucraniana em 2014, o blogue tive outras prioridades e o festival foi quase esquecido.
Por isso, temos o enorme prazer de compartilhar a notícia do que a linda, talentosa, e carismática Jamala passou pelo 2º semifinal do dia 12 de maio e estará presente no final do concurso, à decorrer neste sábado, dia 14, em Estocolmo, na Suécia.

Ver o vídeo no YouTube:
Jamala apresentou a canção bilíngue “1944” (em inglês e tártaro da Crimeia), dedicada à deportação em massa dos tártaros da Crimeia, o crime de limpeza étnica, perpetuada pelo regime soviético na noite de 18 de maio de 1944 (ler mais aqui; aqui e aqui).
Refrão da sua canção em Tártaro da Crimeia
Yaşlığıma toyalmadım.
Men bu yerde yaşalmadım.
Vatanıma toyalmadım.
(Eu não desfrutei nesta terra da minha juventude.
Eu não consegui viver nesta terra.
Não desfrutei da minha Pátria).

É de recordar que cerca de 238.500 tártaros da Crimeia, quase a totalidade de uma nação, foram deportados da península aos distritos longínquos da Ásia Central, regiões dos Montes Urais e Alto Volga (sob acusação falsa da “traição” da URSS na II G.M.). Como resultado da deportação, cerca de 109.956 (46,2%) dos deportados, morreram entre 1.07.1944 e 1.01.1947 devido à malnutrição e doenças.
Além da Ucrânia, outros 9 finalistas do Eurovisão que saíram do 2º semifinal são representantes da Austrália, Bélgica, Bulgária, Geórgia, Israel, Letónia, Lituânia, Polónia e Sérvia.

Apoio da Irlanda

O representante da Irlanda, Nicky Byrne (eliminado na 2ª semifinal), publicou na sua página oficial, numa das redes sociais, o texto em apoio à Jamala, colocando a sua foto com a bandeira ucraniana (mais tarde a postagem foi retirada do ar).  
A reação russa

O representante russo no concurso, cantor Sergey Lazarev (passou à final), tem uma posição bastante dúbia em relação à Crimeia. Em 2014 ele tinha dito publicamente: “Para mim Crimeia é Ucrânia. Crimeia nossa – eu não apoio tudo isso”. De seguida, o cantor desmentiu as suas próprias palavras, alegando que a TV mostrou uma montagem de suas declarações. Já neste ano, nas vésperas do festival, perguntado pelo jornalista sobre a sua posição real e atual, disse que não quer responder a pergunta.
Talvez por causa disso, o cantor russo Yuriy Loza formulou a posição patrioteira russa em relação ao festival e ao representante do seu país: “Eu não quero que ele ocupe o primeiro lugar. Eu não quero que ele ganhe! Os suecos têm escrito a canção para ele, eles foram pagos com um monte de massa russa, e eu tenho que torcer por isso? O que tem de russo este menino, além do carimbo no passaporte e apelido? Os franceses lhe criaram a coreografia. Nós próprios não sabemos [fazer] nada. (...) O que traz Lazarev, que humilhação ele traz ao nosso país?! A sua aparição no palco já é uma vergonha que nos não temos um autor que poderia escrever uma canção” (fonte).

... e as trevas

Mas seguramente, o fundo ficará com o apresentador do concurso na televisão estatal russa “Rossija 1” que comentou a performance da Jamala de seguinte maneira: “Jamala canta a canção sobre os seus familiares que voluntariamente e involuntariamente deixaram a sua casa!”

Blogueiro: há criaturas que voluntariamente são canalhas, outros são involuntariamente!

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