segunda-feira, março 30, 2015

Nadia não fará favor ao Putin de morrer rapidamente

Maria e Vira Savchenko, a mãe e irmã da Nadia Savchenko, piloto ucraniana raptada pela Rússia, visitaram recentemente Alemanha, procurando o apoio da Angela Merkel na questão da libertação da aviadora e deputada ucraniana.

por: Karina Mössbauer (texto) e Fabian Matzerath (fotos)

Dores de estômago e vómitos são os efeitos colaterais da greve de fome declarada desde 13 de dezembro pela Nadia Savchenko (33), a piloto ucraniana ilegalmente detida na Rússia. No início de março, quando a sua saúde havia se deteriorado com risco de vida – ela interrompeu a greve de fome por 10 dias, aceitando comer o caldo de galinha, entre 5 e 15 de Março de 2015. Apesar dos repetidos avisos dos médicos, a Nadia continua a sua greve até agora.

Na última sexta-feira ela teve que ser hospitalizada. A sua saúde havia se deteriorado de forma dramática. Ela tem problemas com rins e fígado. Enquanto isso, ele pesa apenas cerca de 50 quilos. Antes de sua prisão, pesava 78 quilos. Mas a sua irmã Vira (31) acredita que “Nadia não irá fazer o favor ao Putin de morrer rapidamente”. Nadia tem uma vontade forte e indomável. “Isso vai durar muito tempo”, diz Vira ao Bild.

Em 17 de junho de 2014 Nadia foi capturada (em combate) pelos rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia e levada para a Rússia. Em 3 de julho, ela foi levada à um tribunal na Rússia e está detida desde a data. Inicialmente sem o aquecimento e sem a água quente. Bebia água da torneira que lhe causou a formação de pedras nos rins. Ela não podia ver um médico. Em protesto contra a sua prisão, ela iniciou a greve de fome. Para demovê-la à voltar à comer, os guardas russos tentavam seduzi-la com o cheiro de batatas fritas.

O acesso aos prisioneiros é estritamente regulado. Maria Savchenko (77) tem visto a sua filha apenas duas vezes – uma vez na sala do tribunal. Em desespero, Maria Savchenko escreveu uma carta à chanceler Angela Merkel, na qual ela falou sobre o caso e solicitou o apoio do chefe do governo alemão. Na carta de três páginas lê em parte: “Minha filha está em perigo (...) Por favor, me ajude a salvar a minha filha. Não posso fazer nada aqui para ela e agora estou completamente desesperada (...). Por favor, salve a minha filha corajosa e íntegra. Nadia está morrendo”.

Durante a sua visita à Berlim na segunda-feira (passada), a mãe disse ao jornal Bild: “Estamos aqui hoje para agradecer à Alemanha. Estou muito grata à Angela Merkel. (...) Na sua estadia em Berlim, (Maria e Vera Savchenko) também se reuniram com Michael Brand, o presidente da Comissão dos Direitos Humanos no Bundestag. O político do CDU recentemente se tornou o padrinho de Nadia.

“Putin mantém Nadia Savchenko firmemente contra a lei internacional. Rússia deve liberta-la imediatamente, conforme exigido pela UE e outros. Se a Rússia se vê como uma nação civilizada, Putin não pode se comportar incivilizado”, diz ele a Bild. “Nadia foi sequestrada no território estrangeiro pelas forças russas e levada como refém político. Ela deve finalmente ser liberada. Putin tem o destino de Nadia nas mãos”.

Na (passada) segunda-feira à noite, abriu a exposição “Nadia Savchenko” no Museu do Muro de Berlim – Checkpoint Charlie. O nome Nadia significa “esperança” em ucraniano. Um nome que descreve a única coisa que resta à sua a família.

Ler o artigo original "Nadja wird Putin nicht den Gefallen tun, schnell zu sterben":

Selo “Nadia Savchenko”

A empresa pública ucraniana Ukrposhta (Correios da Ucrânia) emitiu um bloco de selos dedicado à Nadia Savchenko. Como informa o serviço de imprensa da Ukrposhta, o selo e uma carta dos trabalhadores da empresa serão enviados para a cadeia russa, onde de momento se encontra Nadia Savchenko.

«Estamos muito preocupados com o destino da nossa Nadia, mas ela é um exemplo para cada um de nos. Como dizia (o poeta) Taras Shevchenko: «Lutem – vencerão!», comentou o diretor interino da Ukrposhta, Ihor Tkachuk.

Ukrposhta também exorta os ucranianos e amigos da Ucrânia escrever as cartas à Nadia Savchenko para a cadeia russa (SIZO), onde a piloto e deputada ucraniana está detida.

Mamilos sem causa

O nosso blogue costuma escrever sobre este tema: existe uma certa Europa que não entende a “teimosia” ucraniana de defender Ucrânia contra uma invasão estrangeira. A mesma Europa não quer defender Ucrânia, não quer permitir que Ucrânia se defende e não quer “estragar as relações” com Kremlin por causa da Ucrânia. Essa mesma Europa possui umas causas muito mais “cortantes”...

Uma estudante islandesa de 17 anos e presidente da Sociedade feminista da Escola Comercial da Islândia, expôs o mamilo após ter anunciado um dia “Free the Nipple” (Liberte o mamilo) na sua escola no dia 26 de março. Acabou por receber as críticas e foi vítima de bullying na Internet. Em resultado, nasceu uma hashtag #FreeTheNipple. A solidariedade (na sua grande maioria feminista) chegou até ao parlamento, onde uma deputada islandesa decidiu juntar-se à causa (na foto em cima)...

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