quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Salvar Nadia Savchenko: ação global em 1.03.2015

Na sua carta escrita em 24 de fevereiro de 2015, ao 74º dia da greve de fome, a piloto militar ucraniana, Nadia Savchenko, raptada e mantida em cativeiro ilegal pela federação russa, pede à toda a gente de boa vontade: “Desejem-me e à Ucrânia o sucesso em uma batalha desigual”.

Às pessoas:

Indescritivelmente grata à vocês por tudo... Por todo o apoio e a luta zelosa que vocês travam por mim! Eu, mesmo nos meus pensamentos mais ousados, não contava com esse apoio! Eu também estou lutando! E não desisto! E não me quebrarei! Porque luto não apenas por mim, mas contra o sistema que aleija e mata somente aqueles que têm medo dele, e sucumbe aos que não ficarão com medo! Eu não tenho medo!

Temos aqui muitos ucranianos nas prisões russas. Precisamos de liberar o primeiro, para depois tornar mais fácil a luta por todos! Ucranianos já mostraram ao mundo um exemplo da Revolução de Dignidade e como lutar contra o poder criminoso desenvergonhado. E agora, eu, e toda a Ucrânia tem que lutar ainda contra o poder ilegal do vizinho! Desejem-me e à Ucrânia o sucesso nesta batalha desigual pelo seu apoio na ação global em 1 de março de 2015!

Com todo o meu coração, agradeço!
24.02.2015 Nadia Savchenko
Escrever uma carta de apoio à Nadia, usando o seu endereço atual 

A carta-resposta à Nadia Savchenko foi escrita pelo Viktor Fainberg, de 83 anos, o lendário dissidente soviético, participante no protesto histórico na Praça Vermelha em Moscovo em 1968, organizado contra a invasão da Checoslováquia pelas tropas do Pacto de Varsóvia. Pela participação naquela ação ele foi internado compulsivamente no hospital psiquiátrico especial; lá esteve em greve de fome e foi submetido à alimentação forçada.

Cara Nadia,

Eu, como outros ex-prisioneiros do GULAG, tão profundamente sinto a Sua luta solitária desesperada contra o sistema desumano, enlouquecido, que em pensamentos e sentimentos me identifico com Você. Um dia tivemos que passar por esta provação. E isso está profundamente gravado na memória do corpo e da alma.

Nós orgulhamos-nos de Você, a nossa maravilhosa, corajosa, nobre irmã pela liberdade indivisível. Uma para todos.

Eu nasci na Ucrânia, em Kharkiv. A primeira natureza que eu vi, as primeiras músicas que eu ouvi, eram a natureza e as canções da mãe Ucrânia. A minha primeira babá amada se chamava Ekateryna Mykolaivna Savchenko. Como Você, sonhava me tornar um piloto militar. Sim, apesar de ótimas notas e de saúde invejável, não foi aceite. O inexorável 5º ponto do passaporte impediu (o 5º ponto nos passaportes internos soviéticos referia-se à “etnicidade”, no caso do Victor Feinberg e de outros judeus soviéticos, a origem étnica judaica era um impedimento para alcançar as posições mais abertas aos cidadãos soviéticos não judeus. Essa política do anti-semitismo estatal, não era nem legal, nem declarada oficialmente, mas funcionou, com mais ou menos vigor, praticamente até a queda da URSS em 1991).

Querida Nadia! Hoje, a vida e a liberdade da heroína do povo ucraniano deve ser prioridade para todas as pessoas que não perderam o sentimento de honra.

Estou certo de que Nadia (Esperança), cujo nome Você recebeu, se realizará com a Vitória. Para si e para muito sofrida Ucrânia, a minha terra natal...

Com profundo respeito e amor.
Victor Feinberg

P. S. Em sinal de solidariedade fraterna junto me à sua greve de fome. Velhos são trapos!
Fonte:
https://openrussia.org/post/view/2948

1 comentário:

Anónimo disse...

Estaremos orando por vc Nádia!! Pela Ucrânia!!
Jkm, SP-Brasil