quinta-feira, junho 13, 2013

As asas vermelhas de Luftwaffe cresceram na URSS

A pergunta preferida dos mais diversos estalinistas é a seguinte: “Será que sem Estaline a URSS ganhava a II G.M.”? Mas a interrogação mais correta deveria ser simples: “Será que sem estalinismo nasceria o 3º Reich”?


Derrotada na I G.M., e de acordo com o Tratado de Versalhes, a Alemanha (República de Weimar) foi proibida de possuir a aviação militar e todos os aparelhos que poderiam servir à este propósito deveriam ser entregues aos aliados. O país também foi proibido de construir ou desenvolver os aviões militares.

Para anular essa proibição internacional, em 15 de abril de 1925, em Moscovo, o chefe da Força Aérea do Exército Vermelho, Piotr Baranov e representante do “Sondergruppe R” na URSS, coronel alemão Hermann von der Lieth-Thomsen, assinaram o acordo secreto sobre a criação da escola e armazéns de aviação na cidade soviética de Lipetsk.

Na época, Alemanha gastava anualmente 10 milhões de marcos para a preparação da sua força aérea (violando claramente o Tratado de Versalhes). Deste valor, em média 2 milhões por ano eram gastos na escola de Lipetsk (em 1929 – 3,9 milhões; em 1930 – 3,1 milhões), onde foi construída a diversa infraestrutura (hangares, oficinas de produção e de reparação, laboratório de testes dos motores, posto médico, oficina de rádio, ligações ferroviárias, etc.).

Já no verão de 1925 a escola começou formar os pilotos e instrutores; em 1928-1930 especializou-se em preparação dos pilotes-observadores (corretores dos bombardeamentos). Na escola lecionavam o futuro tenente-general da Luftwaffe Werner Junck, futuro major-general Carl-August von Schoenebeck, o futuro general e marechal de campo Hugo Sperrle (comandante da Legião Condor na guerra civil espanhola). Hugo Sperrle também foi um dos primeiros inspetores da escola.
Desde os meados de 1927 no polígono de Lipetsk os pilotos alemães treinavam combates aéreos e diversos tipos de bombardeamentos, testavam aviões e equipamentos militares: canhões e metralhadoras, equipamento ótico e novos tipos de bombas…

A escola de Lipetsk recebia os fornecimentos das diversas fábricas soviéticas, situadas em Moscovo, Leninegrado, Odessa, Kazan, Kyiv, Kharkiv, no Cáucaso, na Crimeia, tinha ligações com cerca de 20 esquadras aéreas soviéticas.

Os alemães possuíam na escola cerca de 60 pilotos-instrutores e técnicos permanentemente, anualmente recebiam cerca de 50 pilotos e 70-100 técnicos para os testes de material bélico. Deste modo, nos meses de verão a escola abrigava 180-200 “colonos”, à partir de 1929 este número aumentou para 300. Para os trabalhos mecânicos a escola também empregava os cidadãos soviéticos.

Lipetsk não foi escolhido pelos alemães ao acaso, aqui se situava a “2ª Escola superior dos pilotos militares vermelhos”, que possuía boas oficinas e aeródromo. Além disso, a cidade provinciana de Lipetsk situava-se bem longe dos olhares indiscretos ocidentais (à 500 km de Moscovo), mas à uma distância de apenas duas horas de avião.

Nos rios locais eram testados os hidroaviões e se treinavam os pilotos da aviação da marinha de guerra, os pilotos alemães até participaram nas manobras conjuntas com o Exército Vermelho, decorridas nos arredores da cidade de Voronezh (deste grupo 17 oficiais se tornaram generais da Luftwaffe).

Em 1928 na URSS receberam a formação profissional 48 pilotos alemães da I G.M., a futura liderança de Luftwaffe. Em 1929 foram testados os novos detonadores de bombas, aparelhos e mirras de bombardeamentos. No mesmo ano foram efetuados 1200 testes de bombardeamentos dos diversos objetos no solo, foram treinadas as novas táticas dos combates aéreos. Entre 1929 e 1932 em Lipetsk eram formados os cadetes e testadas as últimas criações de fabricantes alemães. Até 1933 na escola foram testados cerca de 800 componentes técnicos da aviação militar alemã.

Durante a existência da “Estação de pesquisa científica de testes dos aparelhos voadores”, alemães testaram na URSS mais de 25 modelos de diversos aviões de combate, nomeadamente, os bombardeiros “Heinkel He 45”, “Heinkel He 46”, “Heinkel He 50”, “Heinkel He 59”, “Arado Ar 64”, “Arado Ar 65”, “Dornier Do 11”. Os modelos “Arado Ar 65” e todos do grupo “Heinkel” após 1935 foram incorporados na Luftwaffe. O hidroavião “Heinkel He 59” participou nas batalhas pela Inglaterra, da Noruega, no Mar Negro.

Os aviões e equipamentos militares alemães eram transportados como “carga civil” pela, especialmente criada para o efeito, empresa de acionistas “Metakhim”. Os pilotos viajavam à URSS na qualidade dos funcionários das empresas privadas ou turistas, trajados à civil, usando os nomes falsos. Em Lipetsk eles vestiam as roupas civis ou trajavam os fardamentos de Exército Vermelho sem insígnias militares. Nos casos em que algum piloto alemão morria nos treinos, o seu corpo era enviado à Alemanha numa caixa com inscrição: “Carga técnica”.

A escola alemã se chamava nos documentos soviéticos de “4º destacamento de aviação da 38ª esquadra da Força Aérea do Exército Vermelho dos Operários e Camponeses”. O pessoal alemão era chamado de “amigos”…

Fontes:
Fonte 1, Fonte 2, Fonte 3

2 comentários:

João Nobre disse...

Publiquei:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/06/as-asas-vermelhas-da-luftwaffe.html

Rafael Gomes disse...

Carga técnica, mas que sacanagem rsrsrsrsrsesrsrs.