terça-feira, maio 28, 2013

Separados durante 60 anos se reúnem na Ucrânia



Foto@ Sergii Kharchenko/Demotix/Corbis
É um caso de amor que pode se tornar um dos mais longos da história - e com um dos começos menos auspiciosos, tendo surgido em um campo de concentração na Áustria mais de 70 anos atrás.

por: Oksana Grytsenko, “Guardian”

Foi lá que Luigi Pedutto conheceu Mokryna Yurzuk. Ele era um prisioneiro de guerra italiano e ela uma trabalhadora forçada ucraniana com uma filha pequena, nascida em um campo nazi perto de Sankt Pölten, uma cidade da Áustria. Yurzuk levava comida a Pedutto, e ele lhe fazia roupas e chapéus para retribuir. Os dois se apaixonaram, mas quando o campo foi libertado, em 1945, Yurzuk foi repatriada para a Ucrânia (soviética) e Pedutto não conseguiu autorização para acompanhá-la.

Passaram-se décadas. Pedutto trabalhava em finanças na Itália, e Yurzuk era agricultora em uma fazenda coletiva (kolkhoze). Ambos se casaram e tiveram filhos, mas jamais esqueceram o amor vivido na guerra.
Foto@Sergei Supinsky/AFP, Luigi Pedutto em Kyiv
Por fim, foram reunidos em 2004, graças a um programa de TV. Agora, o casal tem uma estátua na capital ucraniana, Kyiv, em um parque perto da chamada “ponte dos namorados”, um destino popular para as pessoas que desejam declarar seu amor.

Depois da inauguração do monumento, Pedutto não conseguiu conter as lágrimas. “Quando eu tinha nove anos, meu professor disse que eu devia me lembrar de que um dia, cedo ou tarde, seria compensado por todos os sofrimentos que eu passasse na vida”. Enquanto ele falava, os presentes o cumprimentavam e mulheres lhe pediam beijos, para lhes dar sorte no amor.

Yurzuk tem a saúde frágil demais para que pudesse viajar a Kyiv, mas seus parentes que participaram do evento disseram que ela estava feliz por seu amor se tornar símbolo para outros casais. Halyna Yemeliyanova, neta de Yurzuk, disse que sua avó lhe havia contado sua história de amor muitas vezes, mas que jamais havia sonhado reencontrar seu namorado italiano.

Não era possível para Pedutto viajar à União Soviética, na época em que o país estava isolado pela cortina de ferro, mas ele guardou uma foto de Yurzuk e um pequeno medalhão com uma mecha de seus cabelos. Por fim, decidiu agir e escreveu ao "Wait for Me", um programa internacional de TV que promove o reencontro de pessoas há muito separadas. Funcionou. “Eu a procurei por 62 anos, e enfim a encontrei”, disse Pedutto.

Yurzuk visitou Pedutto na Itália e recebeu o título de cidadã honorária da cidade dele, Castel San Lorenzo, na região de Salerno. Mas não aceitou a proposta de casamento que ele fez, apesar de ambos estarem viúvos. “Quando eu a pedi em casamento, ela riu”, contou Pedutto.

Por isso, ele a está cortejando. Pedutto leva azeite de oliva caseiro e queijo parmesão a Yurzuk, para que ela faça espaguete. Também a ajuda em suas tarefas, como fazia todos aqueles anos atrás na Áustria.

Ele é loquaz e romântico, e ela é reservada e sóbria. Conversam em uma estranha mistura de ucraniano, italiano e russo, mas em geral se entendem sem palavras. Yurzuk espera nova visita de Pedutto em agosto, quando os dois planeiam ir juntos a Kyiv para ver o monumento que imortaliza seu amor.

Pedutto ainda não perdeu a esperança de convencê-la a aceitar seu pedido, diz Maria Shevchenko, a produtora ucraniana de “Wait for Me”, que acompanha a história do casal há anos.

E desse casal se pode esperar tudo”, ela disse, rindo.

Original em inglês:

Tradução em português:

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