quarta-feira, novembro 23, 2011

Holodomor nunca mais!


Analisando o livro que a Associação “CompaRes” pretende editar em forma de colectânea de artigos sobre Holodomor ucraniano, cuja ideia surgiu depois de “Quinzena histórica e cultural da Ucrânia” realizada em 2009 na Reitoria da Universidade de Lisboa e que foi financiada pela comunidade ucraniana em Portugal, fiquei surpreendido pelo facto do alguns capítulos do livro não respeitarem a verdade histórica do genocídio perpetuado pelo regime comunista soviético, nem a memória de milhões de vítimas deste crime.
Conseguimos imaginar que a nossa dor colectiva, a nossa maior tragédia singular do século XX pode contentar alguns e ser indiferente para outros. Mas Holodomor não é nenhum tema de discussão pós – moderna, onde todas as opiniões são válidas e onde todo mundo pode ter a sua razão. Holodomor foi um crime premeditado, calculado, planeado e executado pelas lideranças políticas da URSS e do Partido Comunista da União Soviética, quer ao nível central, em Moscovo, quer ao nível local, na Ucrânia Soviética.
Acusam-nos de nos centrarmos em “demasia” nos casos de canibalismo, ocorridos durante Holodomor, dizem que não são as recordações “bonitas”. Mas estes factos tristes e revoltantes tiveram lugar, eram reais e hoje em dia fazem parte da verdade histórica. Verdade que não pode, nem deve ser mudada consoante a conjuntura política ucraniana, europeia ou mundial.
Também nos acusam de usarmos o Holodomor como arma de arremesso político contra Rússia. O que não é verdade de todo. No passado recente o tribunal ucraniano pronunciou os indivíduos pessoalmente culpados no genocídio ucraniano, eles são: Stalin, Kaganovich, Postyshev, Kossior, entre outros.
Associam constantemente Holodomor com o nome do Presidente ucraniano Viktor Yushchenko. Mas todos os presidentes da Ucrânia independente cuidaram da memória dessa tragédia: Leonid Kravchuk, Leonid Kuchma e Viktor Yushchenko. Sim, é verdade que presidente Yushchenko fez mais do que seus predecessores, mas não é menos verdade que não fez tudo e que podia fazer mais.
Dizem que Holodomor é uma arma política apontada contra Rússia e que constitui uma política anti – russa. Não nos parece que alguém no Ocidente ousará classificar a luta pelo reconhecimento do Genocídio Arménio ou Holocausto Judaico como política “anti-turca” ou “anti-alemã” e que alguém no Ocidente ousará associar a memória dos arménios ou judeus exterminados com esta ou aquela força ou personalidade política da Arménia ou do Israel.
Contudo, isso é constantemente e abusivamente feito em relação aos ucranianos. Porquê? Não sabemos. Mas de certeza, não iremos pactuar com isso!
O maior cinismo possível é a tentativa de obrigar as vítimas de financiar os pontos de vista dos seus carrascos. Por isso não peçam aos ucranianos para pagarem as “opiniões” e “divagações” da índole política dos não procuram a verdade histórica dos factos.
Holodomor nunca mais!

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